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O contato cultural

Olá, mundo!

Mais uma semana de 2011 passa e outra já inicia com muitas expectativas, agendas cheias, compromissos iminentes e cabeças explodindo de idéias, certo? E o que você tem feito de diferente no seu trabalho nos últimos meses ou anos? Espero que hoje eu consiga plantar uma semente em você chamada interculturalidade.

Este é um dos meus temas favoritos, base teórica do meu melhor trabalho produzido até hoje (trabalho de conclusão de curso da graduação) e conceito no qual acredito profundamente. Estamos vivendo um momento muito avançado das relações humanas interpessoais e das relações humanas tecnológicas. Eu me relaciono com o outro diferentemente dos meus pais e avós, assim como me relaciono com as novas tecnologias, às quais eles nem tiveram acesso ou que nem existiam quando eles tinham a minha idade.

Esse relacionamento que experimentamos hoje precisa ser pensado com muito cuidado e de uma forma especial, pois para novos paradigmas, novas mentalidades devem ser desenvolvidas, formadas. Eu acredito no fim das fronteiras culturais que ainda nos separam de tantas nações na área dos negócios. Já existem escritórios de contabilidade na Índia preparando declaração de imposto de renda dos americanos (“O Mundo é Plano”, de Thomas Friedman).

E o que isso significa? Significa que as dificuldades de acesso e comunicação a países de cultura milenar e conservadora já foram quebradas pelas novas tecnologias da informação e comunicação. Significa que se eu posso oferecer um serviço essencial para povos de uma nação híbrida à minha, eu também posso me relacionar com eles. E, acima de tudo, significa que para estabelecer contato com uma cultura internacional, eu preciso primeiro aprender a conhecer e respeitar a cultura multicultural presente na minha própria nação.

O fracasso das relações de negócio entre profissionais de países diferentes pode ser justificado, em muitos casos pela falta de conhecimento da cultura do outro e pela negação de sua própria origem cultural. Há pessoas que eu conheço que agridem constantemente sua cidade, sua cultura e seu país, reconhecendo outras nações como superiores. Um erro gravíssimo, pois não há realidade cultural sem experiência cultural.

Pense em explorar sua região, sua cidade, seus conterrâneos. Há um universo de conhecimento e diversidade que você pode estar perdendo, em virtude de sempre buscar algo longe, distante… intocável.

Explore-se e aceite-se antes de relacionar-se com o outro que é internacional. É muito fácil chegar a outras nações, assim como é difícil se relacionar com outras culturas. O contato cultural é condição sine qua non para que você comece a entender as relações de trabalho, mercado, comunicação e negócios ao redor do mundo. Mas o contato cultural deve começar da sua casa, e então sua cidade, outras regiões e, sim, outros países.

Tenha em mente a importância da tolerância e do respeito cultural, como forma de crescimento pessoal e requisito necessário para galgar uma carreira internacional. Voltamos ao indivíduo como ator central desta nova forma de viver o mercado e as relações comerciais ao redor do mundo. Isso é tão sério que, em um país como o Brasil, não é possível obter sucesso sem o conhecimento profundo da população local e suas preferências.

Estudando há algum tempo o mercado da cidade de Belém e seus clientes, é possível afirmar que muitos empreendimentos que vêm de fora não vingam. Cartel das empresas locais? Talvez, mas sem dúvida é a falta de empatia das organizações que vêm de fora com a população daqui.

Empreender em um lugar que você não conhece exige estudos aprofundados e imersão imediata na cultura do mercado onde pretende-se chegar. Há empresas locais que ainda não possuem essa percepção e por isso demoram anos para obterem reconhecimento. Na tentativa frustrada de arriscarem as mesmas estratégias, cavam o próprio buraco e levam à falência um empreendimento que poderia ter tido sucesso, caso as estratégias fossem mais sensíveis às peculiaridades culturais. A mensagem de hoje é exatamente a de exploração cultural.

Idiomas são fáceis de ser aprendidos quando há dedicação, mas cultura é um assunto muito mais delicado e que envolve tolerância, inteligência emocional e muito respeito. É o que desejo àqueles que almejam uma carreira internacional de sucesso ou simples reconhecimento profissional em seu país. Ótimo domingo!

Por Marcela Conceição

Comentários (2)

  1. Obrigada, Elisângela!

    É um erro recorrente e muito comum. Infelizmente há pessoas supervalorizando o que vem de fora, sem aprender a valorizar e, até mesmo, conhecer as riquezas locais.

    “Pensar global e agir local”.

    Um grande abraço,

    Marcela Conceição

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