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O que a universidade não ensina

Queridos leitores,

No último ano tenho pensado em tudo o que aprendemos na universidade e que realmente utilizamos no ambiente de trabalho. Praticamente todo o conhecimento técnico que adquirimos ao longo dos anos de estudo nos permite desenvolver uma atividade profissional com o mínimo de rigor e competência. Mas e quando falamos de atitudes e comportamento? Infelizmente a postura que devemos encarar diante da vida e do mundo em determinadas situações não aprendemos na escola, o que é errado, pois a escola deveria, sim, nos preparar em termos relacionais também.

Veja abaixo a matéria que foi destaque do caderno “Trabalho & Formação Profissional” da edição de domingo do jornal Correio Braziliense:

Resultados de testes como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) mostram dados desanimadores sobre o aprendizado de estudantes em disciplinas como português, matemática e ciências. Apesar de serem tão importantes quanto essas matérias, conteúdos referentes a habilidades e atitudes não costumam cair em prova nem receber a devida atenção. Estudo exclusivo do Boston Consulting Group (BCG) e do World Economic Forum (WEF) revela que as lacunas de conhecimentos entre profissionais de todo o mundo vão além das disciplinas primárias e abarcam competências necessárias para ter sucesso no século 21, como curiosidade, criatividade, pensamento crítico e capacidade de resolver problemas.

O levantamento se baseia no desempenho de estudantes no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). Países de renda média alta, como o Brasil, aparecem abaixo da média em todas as matérias e habilidades do estudo. Os estudantes brasileiros não tiveram desempenho acima de 50% em nenhum dos quesitos avaliados (veja quadro). Apesar de os profissionais do país terem fama de criativos por saberem dar um “jeito” em tudo, entre nações na mesma faixa econômica, o Brasil aparece em 15º lugar. Em curiosidade, pensamento crítico e resolução de problemas, está em melhores posições: respectivamente a quarta e a quinta.

Leonardo Moraes, diretor de Pós-Graduação e Pesquisa do Instituto de Pós-Graduação (Ipog) e doutor em construção de currículo na escola, avalia que os dados da pesquisa são comprovados no dia a dia. “Essas lacunas podem ser enxergadas em muitos profissionais. Em aulas de pós-graduação, por exemplo, vejo deficiências básicas nos alunos — não de técnica, mas de competências. Eles não sabem fazer análise crítica nem criar conexões entre os conteúdos”, percebe. Moraes acredita que o princípio do problema está na educação básica. “Não quero procurar culpados, mas vejo falhas na formação inicial. As escolas têm se preocupado com a aquisição de conhecimentos momentâneos em exatas ou humanas — em que o aluno copia e reproduz —, mas não abordam uma educação para a vida”, critica.

O resultado desse sistema são profissionais com postura passiva. “Muitos têm formação acadêmica, mas não conseguem gerir o tempo, resolver conflitos e problemas, pensar em soluções… Quando se foge da especificidade de conhecimentos do cargo, a pessoa não dá conta”, aponta Moraes. Ele prevê que essas habilidades se tornem o maior diferencial competitivo de profissionais. “A competência técnica, a maioria tem; as empresas vão passar a contratar pelas atitudes.” Para a professora de psicologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luciana Albanese Valore, que trabalha com orientação vocacional e inserção profissional, as competências do século 21 citadas na pesquisa serão cada vez mais valorizadas. “As companhias precisam de profissionais com um perfil ousado, de líder e com iniciativa. Não basta alguém que tenha domínio do conteúdo em questão.”

Programe-se

Confira oportunidades de estudar design thinking:

A Wide Open Business School promove curso on-line de 40 horas. Até sexta-feira (10), as matrículas custam R$ 336 em www.wobschool.com.
O Ibmec Brasília oferece curso de 16 horas em inovação e design thinking com Marcelo Minutti. As inscrições vão até 11 de setembro em www.ibmec.br. Custo: R$ 720.

Abaixo da média

Confira a proficiência de alunos do Brasil nos quesitos do estudo

Alfabetização 38%
Conteúdos elementares
de matemática 32%
Alfabetização científica 18%
Alfabetização em tecnologia
da informação e comunicação 7%
Pensamento crítico e
resolução de problemas 14%
Curiosidade 10%
Criatividade 6%

Geração incompleta

A professora Luciana Albanese Valore avalia que a falta de competências valiosas é mais grave na geração Y. “São pessoas acostumadas a receber tudo mastigado, que querem respostas rápidas e sem esforço, leem pouco e fragmentariamente, e assim se desenvolvem menos.” Essa também é a visão de Juliana Guimarães, consultora em planejamento estratégico, gestão e marketing. “Os profissionais da geração Y são muito bons em alguns aspectos e são atualizados, mas apresentam dificuldades individuais: querem tudo muito rápido, desejam ser gestores, mas não dominam liderança, não têm senso crítico nem curiosidade… Eles precisam se dar conta disso”, avalia a sócia do espaço de coworking 4Legal.

Curiosidade, criatividade, pensamento crítico e resolução de problemas deveriam ter sido desenvolvidos no período escolar, mas Leonardo Moraes ressalta que o aprendizado não é exclusivo desse período. “É possível em qualquer momento, basta procurar recursos.” Ele pondera que também não cabe ao ensino superior desenvolver essas competências. Para a professora Luciana Albanese Valore, “seria até ingenuidade pensar que isso ocorreria na universidade”. Ela recomenda a busca por capacitação. “O profissional pensa que conquistou o diploma e acabou, mas não. A formação tem que ser contínua.”

O BCG e a WEF concluem que estratégias de educação aliadas à tecnologia podem ajudar a inverter o quadro de falta de competências básicas. Juliana Guimarães acredita que essa é a saída. “É possível aproveitar a economia dos cursos on-line para suprir lacunas. Não basta ter uma geração conectada, é preciso usar isso a nosso favor.”

Papel das empresas
A professora Luciana Albanese Valore questiona a participação das corporações no processo de formação. “As empresas querem profissionais que cheguem prontos ao mercado, mas isso não existe. Elas também têm um papel a cumprir com espaços para aprendizado.” Apesar de ser importante que as companhias ofereçam capacitação para o quadro de colaboradores, a consultora Juliana Guimarães acredita que a vontade primordial deve partir do funcionário. “Não adianta o chefe querer que ele se capacite. O profissional tem que perceber que precisa e querer melhorar.”

Estímulo constante
Graças à capacidade de resolver problemas, em três meses, Jéssica Rodrigues, 22 anos, (foto) passou de recepcionista à coordenadora de uma unidade da Academia Unique. “Sou muito curiosa e proativa e, assim, conquistei a oportunidade.” Para progredir, Jéssica cursa administração e aproveita o programa de capacitação da empresa. “As pessoas chegam da faculdade sem a mínima ideia do que fazer. Assim que ingressa na academia, o profissional passa por duas semanas de treinamento”, explica Magno Passos, responsável pelo programa.

Além da formação inicial, a organização traz palestras com especialistas para suprir carências técnicas e de habilidades. Criatividade é um dos focos da instituição, que criou um desafio para estimular os funcionários a proporem sugestões. A ideia vencedora é colocada em prática, e o ganhador recebe R$ 10 mil. O ganhador da primeira edição foi o coordenador de Musculação Tiago Merlino Sampaio, 23, (foto) que propôs o projeto hipercontrole, que faz acompanhamento diário de alunos hipertensos. “Resolver problemas, curiosidade, criatividade e ajudar pessoas sempre fizeram parte do meu perfil. Essa ideia surgiu a partir da necessidade e está dando certo”, comemora.

Para aprimorar aptidões
Romeu Mendes do Carmo, 53 anos, e Maria Alice Duarte Sobrinha, 37, trabalham juntos na área de tecnologia da informação de um órgão público — ele como superintendente e ela como gerente de Projetos — e sabem da importância de capacidades que vão além de conhecimentos técnicos. Os dois fazem MBA em gestão de negócios no Ibmec e tiveram um módulo de aulas sobre design thinking que explora soluções inovadoras (veja o quadro) e agora estão trazendo mudanças para a equipe. “Agora, estamos indo mais ao centro do problema, abrindo a discussão para um grupo maior  — o que traz novas ideias. Curiosidade e senso crítico já faziam parte do meu perfil, mas agora estou socializando isso”, conta Romeu.

Maria Alice admite que a criatividade não era seu forte. “A gente acha que nem todo mundo pode ser inovador e criativo, mas a inovação pode estar muito próxima, pode ser algo simples e até mesmo óbvio que vai fazer grande diferença no trabalho. Com o curso, passei a ter outra perspectiva e um olhar mais crítico. Agora, consigo oferecer um leque maior de opções em vez da maneira tradicional de fazer as coisas.”

 

 

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Fonte: Jornal Correio Braziliense

 

Marcela Brito sou eu: secretária executiva trilíngue, esposa, mãe, consultora de carreira, empreendedora, escritora, blogueira, professora, eterna aprendiz e uma mente que não para de pensar em construir um bom legado para nós e os que vierem depois de nós.

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