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O que você não venderia?

Amigos leitores,

Cada vez que me sento para escrever passa um filme de tudo o que testemunho no meu dia, do que ouço, vejo, sinto e comprovo no comportamento das pessoas, na forma como falam com quem tem hierarquia superior, com quem tem hierarquia inferior etc. Minha amiga Simara Rodrigues costuma dizer que a forma como você faz uma coisa, é a forma

como você faz todas as coisas e isto é corretíssimo. E pensando nessa linha, até onde você iria para se beneficiar?

Para quem gosta de uma boa trama ao melhor formato estadunidense, House of Cards é uma das séries mais fascinantes. Os bastidores mais reais e sórdidos do mundo da política daquele país como cenário para compararmos o que, infelizmente, vivemos em nossos dias, em nossas estações de trabalho. E o que vemos é o pior da natureza humana manifestada.

São dias difíceis, amigos, estes. As pessoas perderam completamente o senso da realidade. E para quem é da turma dos bastidores (ao melhor estilo “Mordomo da Casa Branca”) há coisas que caberiam numa edição especial a ser publicada, denunciando o pior que as pessoas são capazes de fazer.

Quando iniciei a carreira atuando como secretária, me deparei nos primeiros dias com contextos constrangedores, em que se fala algo e se faz outro. E o profissional de secretariado executivo é um daqueles profissionais “invisíveis” que gosto de mencionar em meus textos. As pessoas simplesmente não nos reconhecem como um profissional igual aos profissionais da gestão (embora sejamos gestores), portanto, conversam e dão sequência a cenas dignas de filmes de horror. Se você não tem estômago, é duro encarar, amigo.

O House of Cards da vida real tem sido cada vez mais descarado e aquilo que vemos projetado nos escândalos políticos mais imundos da nossa história contemporânea, é apenas o reflexo do que se passa em todas as esferas, nos bastidores, nos sussurros, nos códigos de olhares, nas conversas de corredor, naquilo que constantemente está nas entrelinhas. Sorrisos assustam, abraços arrepiam e a rotina em meio ao caos simplesmente sintomatiza o prelúdio do que de pior deve estar por vir.

Falo da realidade que nos cerca neste mercado, nos ambientes corporativos. Não se pode confiar, não se pode falar, não se pode viver. E os mais articulados, a esta altura, devem estar aguardando o anúncio oficial de sua ascendência, de sua promoção nesta mesma estrutura onde tudo o que se conquista é na base do toma lá, dá cá. Mas o que há por trás da manutenção desse poder? O que sustenta o sistema? E o que motiva as pessoas a se venderem de tal modo que não importa o que o outro lhe fez ou fez à empresa, de modo geral, o importante é estar do lado de quem manda.

Definitivamente, não é um jogo para tolos. E tolo significa, neste cenário, apenas ter desejo de continuar deitando no travesseiro e lembrar que você ainda é o mesmo. Que a gente muda para melhor, mas aquilo que sustenta a nossa essência continua intacto. Que sejamos tolos o suficiente para que não sejamos seduzidos pelo poder, pelo dinheiro, pelo status. Tudo isso encanta, mas passa tão rápido quanto os aliados trazidos por essas circunstâncias.

O que está acontecendo? O mundo está ao contrário e ninguém reparou…, e assim cantou Nando Reis, numa inteligência tão atual quanto as dores de testemunhar os inimigos tomando o poder em um Brasil sem Cazuza, mas que parece ter parado no tempo, mesmo sabendo que o tempo não pára e que a Terra é redonda e gira. Hoje quem manda amanhã pode nem estar no mesmo lugar. Ilesos são os que apenas optam por ser os mesmos de sempre.

O que você não venderia por uma posição privilegiada? Eu, honestamente, espero que sua resposta seja N A D A.

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Marcela Brito sou eu: muitas mulheres, muitas facetas, uma só identidade. Alguém com missão, paixão e coragem.

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Comentários (3)

  1. Marcela,

    Há uma história de um personagem chamado Nabote, ele era agricultor, tinha uma vinha ao lado de um palácio, aí um dia o rei cismou que queria comprar aquele campo, por um valor superior ao de mercado, para fazer um jardim, e qual a resposta de Nabote? Os meus valores e o que essa vinha representam não tem preço!!
    Espero, que os nossos valores sempre falem muito mais alto do que qualquer outra coisa!

    Um abraço

  2. Ahhh querida Marcela, definitivamente estou acreditando que você lê minha mente e meu coração!!!

    Estes seus dois últimos textos me fizeram refletir sobre coisas que já venham refletindo há algum tempo…

    Para muitas pessoas eu passo uma imagem que sou muito fantasiosa, sonhada, ou melhor, não vivo neste mundo tão atual e real. Justamente por sempre tentar olhar e me questionar o porque as pessoas fazem o que fazem (acho que essa frase é título de um livro, kkkk). Me questiono porque estamos tão preocupados e gastando energia no que não tem sentido para vida. Preocupados em conseguir “ser o melhor profissional”, conseguir “ter” a melhor casa, conseguir o “melhor cargo”. Não que isso não tenha sua importância, mas que não seja o ESSENCIAL nas nossas vidas. Que isso não seja o sentido de tudo.
    Porque na verdade TODOS nos procuramos somente uma coisa: SER RECONHECIDO! Estamos nos vendendo e pagando um preço muito alto por isso. Na minha fé, quem nos reconhece e aprova tudo que somos e fazemos se chama Jesus Cristo.

    Muito obrigada!

  3. Pois é minha amiga… é o que fazemos quando a luz está está apagada e sem os holofotes que descreve quem verdadeiramente somos. Eu complementaria sua inquietação dizendo: qual é o preço do sucesso? vale mesmo a pena alguns comportamentos? Fala-se muito de ética, transparência, e etc…mas são os “pequenos furtos” do dia a dia onde mora o grande perigo de desvio de conduta e lamentavelmente muitos profissionais de Secretariado “topam pagar o preço”.
    Acompanhando diariamente seus post e me refletindo bastante. super abraço 🙂

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Marcela Brito - 2009-2021