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A crise da Geração Y

Caros leitores,

tenho observado a inquietação da Geração Y, quase beirando os 30 anos de idade, em relação a conquistas e à consolidação na carreira. Essa geração à qual eu também faço parte, demonstra tanto conhecimento e habilidades quanto problemas de autoconhecimento e maturidade. A despeito da generalização (leviana em qualquer caso), eu penso: por que razão muitos profissionais cheios de talento e com tantos saberes ainda sofrem uma crise na carreira e, muitas vezes, na vida?

Nós, jovens, que vivemos a sinergia dos relacionamentos estabelecidos muito rapidamente e a simultaneidade das informações nas redes sociais esquecemos alguns valores que são fundamentais para uma construção de vida e carreira mais saudáveis. A Antropologia diz que nossas experiências estão muito ligadas aos grupos sociais aos quais pertencemos e nossa atuação neles, porém, atualmente, a maioria de nós participa de uma vida virtual na maior parte do dia e perde desejo e motivação para participar de grupos sociais reais.

Por isso, quando ingressamos em uma empresa, muitos conflitos começam a surgir, pois nem sempre o e-mail ou as formas virtuais de comunicação conseguem suprir a necessidade de entendimento entre as partes. No campo profissional, a habilidade com as ferramentas virtuais é, sim, um requisito importante, mas a habilidade em falar, pensar e agir mais humanamente ainda valem ouro.

Eu temo que a minha geração chegue aos 40 anos completamente frustrados e com a sensação de não ter chegado a lugar algum, embora cheios de talento e conteúdo. Será muito mais frustrante do que alguém que, em sã consciência, sabe que não tinha condições de chegar mesmo. Mas qualquer problema para ser solucionado precisa retornar às suas causas. E eu penso que as três mais visísveis são essas que listei abaixo:

Ansiedade – Os jovens da geração Y dificilmente conseguem relaxar. Estão sempre com a cabeça a mil, querendo materializar suas forças, ideias e projetos e a ansiedade provoca um nível de estresse e impactos emocionais e psicológicos que podem ser altamente prejudiciais se não houver pleno controle e conhecimento dessa emoção, que como tudo em excesso na vida, pode ser fatal.

Imediatismo – As experiências com redes sociais e o costume em enviar e receber respostas em tempo real tornaram os jovens da geração Y ainda mais imediatistas do que o comum. A geração internet não aceita facilmente esperar um dia, o que dirá uma semana, por uma resposta ou por um resultado. Isso se agrava quando um representante Y ocupa um cargo diretivo ou de gerência, pois a impaciência em resolver questões da empresa podem gerar maus resultados.

Excesso de confiança – O nível de conhecimento e conexão com as informações do mundo dão aos jovens, inúmeras vezes, a sensação de segurança e excesso de confiança. Isso se reflete não só no campo profissional, mas no dia-a-dia também. O índice de acidentes de carro que envolvem jovens demonstram, por estudos e especialistas da área (psicólogos de trânsito), que os acidentes automobilísticos cujos condutores são jovens são causados por excesso de confiança. Ou seja, excesso de confiança e segurança podem trazer prejuízos irreversíveis aos jovens Y, em qualquer área da vida.

Importante refletir esta questão, pois se nossa geração não reverter esse perfil e esse comportamento, como serão os nossos filhos, criados por pais frustrados e sem estrutura emocional e maturidade para dirigir a própria carreira?

Por Marcela Conceição

 

Comentários (2)

  1. Em muitos casos, eu tenho visto como o excesso de meios de comunicação pode, sim, gerar falta de comunicação. As vezes a pessoa senta do seu lado e te manda só um email mal explicado. Nem se vira pra dizer “te mandei um email”. Não sei bem se isso é o reflexo de uma geração ou se é até um pouco de falta de humanidade. Não podemos, no âmbito organizacional (em nenhum, aliás), nos limitar a meia dúzia de recados rápidos sob a pena de falharmos perante nossos superiores e, pior, perante nós mesmos.
    Muito bom teu artigo, Marcela. Me fez parar um pouco pra refletir.

  2. Querida Maize,
    primeiramente, muito obrigada pela contribuição ao texto publicado. Sem dúvida, estamos discutindo uma questão de (des) humanização do ser social. Nesta condição é inerente à nossa natureza a habilidade e a dedicação ao realcionamento com o outro, que nos ajuda a crescer e nos ensina tanto quanto nós também ensinamos. Perder essa característica é o mesmo que nos condenar a perder nossa identidade. É bom saber que esta reflexão chegou a você e a fez analisar os prós e os contras da nossa atual realidade. Tenha uma semana excelente e cheia de aprendizados!

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Marcela Brito - 2009-2021