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Dá pra ir?

Amigos leitores,

Tive o prazer de assistir no final do mês de fevereiro a uma palestra mais que significativa com alguém que faz a diferença no mundo, pelo menos no mundo das pessoas com acessibilidade limitada. Sim, estou falando de uma mulher maravilhosa chamada Bárbara Barbosa. Ela é consultora especializada em inclusão de profissionais com algum tipo

de deficiência ou com mobilidade reduzida.

A palestra foi a segunda do ano oferecida pela Associação de Mulheres Empreendedoras – AME e o ponto central da abordagem da palestra foi exatamente o mercado poderoso que é perdido em virtude da ignorância e resistência, digamos assim, que o mercado tem em incluir (percebam, não é aceitação e, sim, inclusão) profissionais com formação e preparo técnico e comportamental para o mercado de trabalho.

Bárbara abriu a caixa de pandora que existe por trás da legislação que prevê a inclusão de vagas para profissionais com deficiência em cargos públicos e em empresas privadas. Ela apresentou um panorama que tantas vezes ignoramos ou que simplesmente preferimos não conhecer mais a fundo: cumprir a legislação não muda a cultura. Isso significa que existem vários profissionais com deficiência ou mobilidade reduzida que adoecem rapidamente em seu ambiente de trabalho apenas por não estar devidamente inserido ao grupo e por estar rodeado de pessoas que não se interessam ou não sabem como se relacionar com eles, comos e fossem seres extraterrestres.

Além disso, já que gostamos tanto de falar sobre empreendedorismo, prosperidade e enriquecimento do nosso sistema liberal, Bárbara também alertou para algo que dificilmente as pessoas atentam: você, que tem um negócio, já imaginou o público que deixa de atrair apenas porque não oferece serviços e produtos em espaços adaptados e acessíveis?

Ela fez uma analogia com uma expressão comum a essa comunidade: dá pra ir? E esse público é tão poderoso, tão decisivo no sucesso ou continuidade de um negócio que ninguém imagina. Ela explicou que uma pessoa com deficiência dificilmente anda sozinha ou quando decide ir a um restaurante, bar, eventos em locais públicos abertos, a primeira pergunta que fazem é: esse lugar “dá pra ir?”.

E como seria um lugar que dá pra ir? É um lugar que cumpre a legislação, com acessibilidade, condições dessas pessoas se sentirem confortáveis e, principalmente, acolhidas (incluindo a forma de atendimento e o preparo da equipe de serviço dos estabelecimentos). Bárbara chamou a atenção que quando um estabelecimento não apresenta as condições mínimas para receber clientes com esse perfil, deixam de receber pelo menos uma pessoa que os acompanha e, como quase sempre saem em grupos, deixa de receber um público massivo.

Por fim, ela como consultora tem o desafio de apresentar ao mercado de Brasília um olhar sensível e inteligente, do ponto de vista do negócio, para a oportunidade que deixam escapar ao não se adequarem às condições de acessibilidade. E nós temos o desafio de compreender a sociedade na qual estamos inseridos e, definitivamente, mudar nossa mentalidade para abraçar a diversidade, as necessidades do outro com amor, acolhimento, empatia e, certamente, empreendedorismo. As pessoas com deficiência, além do muito que podem nos ensinar, especialmente sobre a natureza humana e nossa capacidade de sermos melhores, podem ampliar nossos horizontes para os negócios e tornar o próprio ambiente corporativo e de mercado espaços mais saudáveis de convivência e desenvolvimento.

Abraços!

59/365

Marcela Brito sou eu: muitas mulheres, muitas facetas, uma só identidade. Alguém com missão, paixão e coragem.

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