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Um ano de decisão

Amigos leitores,

Cá estou, para junto a vocês, aliviar minha dor de ter me afastado (inúmeras vezes) este ano. Tenho uma vida offline tão intensa (e até bem mais) quanto a virtual. Minhas atividades online são relacionais, porém mais profissionais eu diria e quem me conhece só um pouquinho sabe o quanto eu gosto mesmo é de viver a vida aqui do lado de fora. E exatamente pelo respeito que eu tenho por quem me lê e me acompanha nos diversos canais que eu mantenho nas redes, é que venho abrir meu coração.

Como vocês sabem, eu disse no início do ano que escreveria um texto por dia neste imenso e voluptuoso dois mil e dezoito. E relutei muito em vir aqui expressar minha insatisfação a vocês e dizer que… falhei. Continuarei numerando meus artigos até o dia 31 de dezembro, todavia, em muitos dias deste ano não consegui escrever uma linha sequer. E isso me motivou a compartilhar essa dor que, até então, era ainda um peso para mim. Pensei bastante e resolvi esfriar a cabeça e arejar os pensamentos na busca de compreender o que estava acontecendo.
A resposta é muito simples: não deu porque eu estava ocupada com outras coisas que naquele momento eram mais urgentes e esse quadrante de produtividade que tanto nos persegue na vida pós-moderna e nos impele a sermos perfeitos, melhores, estarmos à frente, sermos referências, ícones, inspirações… enfim, isso é bem cansativo e tem hora que a única coisa que se deseja é deitar no ombro do seu amor e respirar beeeeem fundo.

O primeiro semestre chegou dizendo o que este ano representaria e tanta coisa aconteceu em todas as áreas… E fui pensando em tudo o que eu tinha feito e percebi que fiz muito, até mais do que eu havia planejado. Ops, encontrei amigos aqui, fui ao cinema com o marido no fim daquele mês, passei uma noite na casa de outra amiga e fiquei papeando até mais tarde, minha filhota teve reação alérgica, eu adoeci… foram muitas coisas (aquelas ameaças e oportunidades da análise SWOT que fogem ao nosso controle e surgem para nos mostrar que, ao contrário do que insistimos em crer, nós NÃO estamos no controle.

Primeiro semestre ‘começou a terminar’ com muita intensidade. A trinta dias de um curso muito desejado na parceria de uma mulher foda que hoje eu tenho a leveza e o prazer em chamar de amiga, eu tive um sonho, em meio a uma laringite que chegou literalmente sem avisar (dormi bem e com voz, tive um pesadelo, acordei me sentindo mal e afônica). Vou lhes contar o sonho estranho e revelador que tive, para os que creem em revelações: Ângela (a Scorsin) e eu estávamos juntas e felizes em uma viagem de avião. O avião, repentinamente, deu um looping e caiu virando. Ele caíra em um lindo campo verde e muito extenso. No choque com o chão as janelas estouraram e eu consegui me soltar do cinto. Tentei soltar a Ângela e ela me dizia: “Amiga, pode sair, eu não vou conseguir. Mas você pode ir!”. Com o coração partido, saí correndo muito rápido, por muitos metros, quando caí dentro de um pequeno lago. Ao retornar à superfície, eu avistava, ao longe, o avião explodindo. Acordei muito assustada e sem ar.

Os dias passaram e eu tentava decifrar aquele sonho dentro de mim, tentava me ouvir, tentava me abster da rede, querendo cada vez mais a reclusão, a retidão, o silêncio. Chegou junho, um mês muito disruptivo para mim. Meio do ano, fim de semestre, meu novo ano de vida e muito peso no coração que não precisava mais carregar. Neste mês, outro pesadelo: dessa vez ele foi real, bem real e você descobre que nem todos que a cercam ou sorriem para você estão, de fato, com você. E compreender o léxico desses verbos fez toda a diferença naquilo que eu precisava resolver dentro e fora de mim. A dias do meu aniversário, me afastei de um projeto muito especial, que tive a honra de ver nascer e contribuir da melhor maneira que pude, mas ao olhar as fotos, ouvir conversas, lembrei dos versos de Leone e das canções que tanto falam comigo:

“Eu não reconheço mais olhando as fotos do passado
O habitante do meu corpo, este estranho dublê de retratos…”

E assim, respeitosamente, deixei um grupo muito especial, o Comitê de Secretariado do Distrito Federal, para deixar de ser dublê de mim mesma e protagonizar as aventuras mais intensas da minha vida com os que resolveram seguir adiante comigo, independente de categoria, classe, interesses unilaterais, simplesmente deixei de ter um título para ser simplesmente eu, Marcela. Junho trouxe boas surpresas e me mostrou que após os 30 anos a gente fica mesmo bem resolutiva e só depende de nós a decisão pelo que nossa vida deve seguir.

Julho veio com suas promessas de amor, colo de mãe, cura por voltar sempre às raízes de uma terra que está em mim, mas que já não mais me pertence. Estar bem resolvida com isso também foi o segredo do meu desenvolvimento que, para muitos, foi meteórico. E ouço, ao longe, Djavan cantando para mim “Só eu sei as esquinas por que passei, só eu sei…”. Voltei para casa após as férias com o peito cheio de alegria, leveza e gratidão. Com a graça de quem aprendeu que menos é realmente mais e fluidez é tudo (fluidez nas relações, nos pensamentos, nas ações). Além da fluidez, agora busco dar consistência e base aos meus sonhos e projetos.

Agosto veio com tudo, mudanças diversas também, porém com a certeza de que agora consigo lidar melhor com as más notícias, aquelas que nos tiram do conforto. Mas agosto trouxe o frescor de quem lembra que também ama aprender. E assim iniciei um novo capítulo deste meu livro intenso e não-fictício: o Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica no Instituto Federal de Brasília. Amando cada nova aula, amando as leituras, os debates com Weber, Marx, Antunes, Dante, Lombardi e os novos pensadores da educação profissional e tecnológica.

Lembrei do quanto eu me sinto viva estudando, me enchendo de conhecimento, discordando, aprendendo a demonstrar de maneira cortês e aberta meus pontos de vista e, melhor, valorizando o saber que se constrói de forma autoral, mas com apoio e suporte no coletivo, sem concorrências inúteis e vazias, sem modismos ou coisa que o valha. Feliz por esta etapa, não pelo título que ela me outorgará ao final e, sim, pela pessoa que eu serei depois que essa fase for superada e lembrar, outra vez, que há ainda sempre muito o que aprender.
Como primeiro exercício de interação com os contextos que serão estudados no Mestrado, tivemos que produzir, cada um, seu blog que valerá como portfólio virtual da nossa jornada de desenvolvimento no mestrado. Se você tiver interesse em me acompanhar, nessa outra faceta da minha vida, convido a visitar meu blog www.marcelabritoaprendiz.wordpress.com. Adorarei conversar com você por lá!

Ufaaaa! Dias sem escrever, texto de atualização e alívio imediato! Um mega beijo e uma semana linda para todos vocês!!!!

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Marcela Brito sou eu: muitas mulheres, muitas facetas, uma só identidade. Alguém com missão, paixão e coragem.

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