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Em terra de profissões, quem tem carreira é Rei!

Se tem uma pergunta que sempre fizeram para mim quando eu era criança é “O que você quer ser quando crescer?”. Me lembro claramente de tudo o que eu já respondi para essa pergunta: trabalhar em padaria – eu achava o máximo! -, médica, professora, psicóloga e diplomata.

Tudo era uma possibilidade até o dia que precisei marcar a opção no formulário de inscrição para o vestibular. Eu morava em Belém, acolhida pelos avós maternos, então, faculdade particular não era uma opção. Eu teria que passar nos vestibulares das duas universidades públicas que atenderiam mais ou menos minhas aspirações.

Na estadual eu pesquisei mais, porque basicamente ela apresentava os cursos tradicionais nas três grandes áreas: Saúde, Educação e Ciências Exatas e Naturais. “Meu Deus, eu não me encaixo em nada disso…”. Assim eu pensava até o dia em que comprei o Guia do Estudante fresquinho de 2004 e passei a tarde em casa lendo tudo relacionado às faculdades do Pará. De repente, eu bato o olho no curso Secretariado Executivo Trilíngue. Rapaz, que curso chique! Minha cara! Cada linha que eu lia achava que ao mesmo tempo era tudo e nada do que eu queria. Vou explicar.

O que mais me atraiu no curso foi sua natureza multidisciplinar. Eu teria a possibilidade de estudar vários assuntos diferentes e interessantes para o cenário atual. E entendi que o curso me daria a base necessária para me aprofundar mais tarde em outros conhecimentos (que eu iria descobrir mais tarde…). Beleza! Resolvido o curso que eu ia tentar na estadual.

Então, chegou a hora de marcar o formulário da Universidade Federal do Pará, a maior do norte e uma das melhores do Brasil. Aff, que missão impossível! Lá era pior porque ao mesmo tempo não tinha o que na época eu queria fazer – Relações Internacionais – e ao mesmo tempo tinha tudo o que eu poderia fazer: Administração, Psicologia, Comunicação Social…

Psicologia… lembrei da minha puberdade, quando todo mundo dizia que eu levava jeito pra coisa. Mas achava muito específico e profundo. Não! Administração: o curso que toda faculdade oferecia na minha cidade natal. Não fui para tão longe fazer um curso que poderia ter feito lá. Não! E, então, Comunicação Social: jornalismo ou publicidade e propaganda? Certamente era a minha cara e claro que eu não escolheria a habilitação criativa da comunicação. Eu sempre fui dos textos, dos diálogos, da literatura da coisa… Pronto, resolvido: Comunicação Social com habilitação em Jornalismo.

Viram que os sonhos de infância dificilmente se cruzam com a parte prática da coisa na juventude? Pois é. Mas pior fica mais tarde, quando você entra no mercado. O meu primeiro emprego, que inclusive motivou minha saída da faculdade de comunicação social me ensinou duas coisas: que eu não precisava terminar a faculdade de jornalismo para continuar escrevendo e que o secretariado não precisava me tornar uma secretária pro resto da vida.

Definitivamente eu não havia feito tanto para secretariar em baixo nível… E foi quando comecei a refletir sobre uma dualidade comum nos dias de hoje: profissão e carreira. Eu nunca curti a ideia de ficar presa a conceitos, opiniões, decisões e profissão. A minha profissão de base é… uma base literalmente. Ela foi meu ponto de partida. Até me engajei por muito tempo nas questões relativas à categoria quando me dei conta de que existe uma diferença muito grande entre pessoas que querem proteger sua profissão e pessoas que desejam construir uma carreira. Querem saber mais sobre as diferenças? Vamos lá!

1 Profissão é uma caixa na qual você transita fazendo aquilo que corresponde à ela unicamente. A profissão tem regulamentação, tem registro (ou não mais…), tem sindicato, tem associação, tem conselho, tem limitações. Ah, que horror! Quando a gente descobre isso, dói na alma! Profissão imobiliza, não te deixa pensar fora de suas fronteiras.

2 A expressão curriculum vitae, do latim, significa percurso de vida. É exatamente isso que a carreira é: percurso, jornada. Por isso que seu currículo deve expressar muito mais do que sua formação e experiência profissional (da sua profissão) e, sim, que tipo de pessoa você é, o que de interessante você fez. A carreira é uma construção que envolve vários aspectos da vida, desde o que você come até no que você acredita, os valores que pratica, a forma como se relaciona com as pessoas e o jeito com que faz seu trabalho.

3 Pessoas presas na profissão pensam em como subir um nível a mais em sua empresa, como ganhar “aquela supervisão”, como se tornar chefe de algo ou alguém, como estar por cima, como tirar vantagem de situações. Em suma, é muito parecido com o tipo de vida do trabalhador classe média da década de 70. O sonho do meu pai era que eu passasse no concurso do Banco do Brasil porque na época dele o bancário era o cara mais bem-sucedido… Profissão, entende?

4 Pessoas dispostas a construir uma carreira pouco se importam com níveis hierárquicos e sabem que seu poder de influência e liderança independe de cargos ou titulações. Constroem relações saudáveis e estão em busca de aprimorar novos conhecimentos e competências porque sabem que o mercado é um grande tabuleiros e as regras do jogo mudam num piscar de olhos. Sabem que podem fazer um trabalho com qualidade e gerar resultados em pouco tempo e quando cumprem sua tarefa em uma empresa, facilmente partem para novos desafios. Carreira, sabe?

Não importa o que você esteja fazendo agora, o quanto gosta do seu trabalho ou o quanto reza todos os dias por um emprego dos sonhos. A única mudança verdadeiramente significativa vai acontecer quando você iniciar um trabalho profundo de planejar os próximos passos neste imenso Jogo da Vida quando perceber que nesta terra de profissões, quem alcança os níveis de satisfação e felicidade, com base na teoria do Prof. Tal Ben-Shahar (Harvard University), são aqueles que vivem aproveitando cada etapa de sua jornada (vida+trabalho).

Porque eles entenderam que a carreira é tudo o que você faz com objetivo e que alcança outras pessoas ao seu redor. Não acaba na graduação, não acaba no cursinho de inglês, não acaba no mestrado, não acaba no doutorado e nem vai acabar no pós-doc. E quer saber? Eu não preciso ter chegado lá pra te dizer isso. Simplesmente só vai acabar quando você morrer. A diferença é que quem coleciona certificações e títulos para si vive igualmente para si e corre o risco de morrer para sempre quando partir daqui. Quem vive por uma profissão não deixa legado, não deixa memória.

O que VOCÊ escolhe hoje: seguir sua profissão ou construir uma carreira?

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Marcela Brito sou eu: muitas mulheres, muitas facetas, uma só identidade. Alguém com missão, paixão e coragem.

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