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O talento de identificar talentos

Olá, leitores!

Incrível como a descoberta de uma pessoa de talento e de valor pode salvar um dia ruim. Isso foi o que aconteceu comigo ontem. Na realidade, a minha tarde de ontem foi um presente que deu cor, sentido e salvou não só o dia de ontem, mas a semana toda. Todos nós temos dias ruins, mas esta semana veio caprichada. E foi balde de água fria de todos os lados, mas eu desenvolvi também a capacidade de sofrer na hora que tem que sofrer e superar rapidamente esses tipos de inconvenientes.

Esta semana eu realizei um processo seletivo para vaga de estágio no setor onde eu trabalho. E se existe algo que me deixa realmente entusiasmada é ter esses encontros abençoados com pessoas, histórias de vida, exemplos de superação, amor pelo que se faz e vontade de crescer. Eu tinha três dias para resolver a substituição repentina da estagiária, que me comunicou que sairia no dia em que não iria mais. Presente!

Então, iniciei minha saga aproveitando o melhor que podia o meu tempo para fazer uma das atividades que eu acho que tem tudo a ver com minha profissão: encontrar o talento ideal para as necessidades da área. Não é simplesmente substituir um estagiário, é encontrar alguém com quem eu estabeleça um relacionamento de mentoria, acompanhamento e desenvolvimento. Uma pessoa que vive uma experiência profissional comigo jamais pode partir sem se sentir, realmente, mais preparada e confiante do que chegou. É a minha missão nos trabalhos que faço e o meu compromisso com qualquer pessoa que cruze o meu caminho (desde que a pessoa tenha o mesmo desejo).

Apenas uma observação: desde que me entendo por profissional, sempre vi colegas reclamando da falta de orientação e aprendizado nos locais onde estagiavam. E para mim esse é o maior crime que alguém pode cometer com um futuro colega de trabalho. Ontem, eu pontuei algumas questões que vou levar às entidades responsáveis em relação à comprometimento social com o ensino e a educação por parte das instituições de ensino superior. Os candidatos que entrevistei demonstraram o mesmo desapontamento com relação à profissão. O que vendem sobre a profissão de secretariado executivo é definitivamente uma burrice institucional e um tiro no pé nos negócios, no caso das IES privadas (mas essa é outra questão que vou tratar com mais detalhes em outro artigo).

Realizar um processo seletivo para uma vaga de estágio me permitiu, no mínimo, alcançar dois objetivos pessoais: verificar o nível de interesse/engajamento dos estudantes da área e saber o que desejam para o futuro deles na profissão. Foram apenas quatro candidatas em dois dias (era o tempo que eu dispunha). Ontem eu quebrei várias normas e regras de processo de seleção e recrutamento, até mesmo porque eu não sou especialista da área, mas se tem algo que dificilmente me falha é a empatia. Eu preciso sentir o plus, o diferencial, o coração batendo forte e um discurso apaixonado que, quando é sincero, vem junto com cada resposta. E isso para mim conta mais do que o padrão exigido.

Ironicamente a minha escolhida foi a que chegou atrasada e foi sincera o suficiente para explicar imediatamente o motivo e me contar com detalhes a saga que foi encontrar a empresa. A média das entrevistas estava em uma hora e vinte minutos. Com a escolhida, apesar do máximo esforço em controlar o tempo, a entrevista chegou na marca das duas horas de duração… O ponto máximo, eliminatório e definitivo da minha escolha foi a candidata ter falado com muito entusiasmo a mesma frase que eu falo desde a época de faculdade: “ser secretária executiva permite ser várias coisas, fazer tudo o que quiser fazer, porque é uma área ampla, cheia de possibilidades”. A conquista foi exatamente nesse momento. Alguém que vai trabalhar diretamente comigo precisa ter o coração batendo no mesmo ritmo, precisa vibrar na mesma frequência, precisa compartilhar a mesma paixão, porque o que a gente vive, sofre e recebe em troca no dia a dia da profissão, muitas vezes não compensa. Por isso que se não há amor e compromisso, fidelidade com o que se propõe a fazer, a coisa não anda, o trabalho não funciona.

Ah, e sobre a bandeira da Geração Y, a qual eu orgulhosamente afirmo fazer parte e levanto, esqueçam por um momento, bom?. A minha eleita é da geração anterior, tem dois filhos, não tem marido, cuida do pai idoso, trabalha pela manhã, vai estagiar à tarde, faz a faculdade à noite, mora muito longe do centro (como a grande maioria), estuda inglês pela manhã no sábado, espanhol pela tarde no sábado, me provou que entende de literatura e me garantiu ler praticamente um livro por dia e conhece a trajetória da Menina do Vale. Bom, se isso não for presente de Deus para uma semana que começou me dando um monte de martelada na cabeça, eu não tenho outra explicação. Essa foi uma das premiações mais importantes e gratificantes que eu recebi na vida, porque é o que fica, é o que acrescenta, é o que faz com que a gente continue querendo ser melhor. Não para a empresa, nem para a gente mesmo, mas porque algumas pessoas vão cruzar o nosso caminho e vão ensinar para nós muito mais do que jamais ensinaremos para elas.

Esses momentos me fazem lembrar de quem eu sou, do que eu acredito e porque eu preciso levar esses baldes de água fria. Minha missão é bem maior do que parece e em breve eu vou poder dividir ainda mais com vocês os presentes que eu preciso distribuir, porque já não cabem mais em mim, não cabem mais na empresa onde eu trabalho, não cabem mais na cidade onde eu vivo.

Que semana, gente! Que semana!

Marcela Brito sou eu: cidadã do mundo, secretária executiva trilíngue, esposa, mãe, consultora de carreira, empreendedora, escritora, blogueira, eterna aprendiz e uma mente que não para de pensar em construir um bom legado para nós e os que vierem depois de nós.

 

 

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Marcela Brito - 2009-2021